Câncer da Bexiga

Nos EUA, o Câncer da Bexiga (CaB) é o quarto tumor de maior incidência em homens e o nono tumor de maior incidência em mulheres. Diferentemente do câncer de próstata, o CaB é raramente um achado incidental em autópsias, sugerindo que todos os casos, em algum momento de sua história natural, se manifestarão clinicamente e serão diagnosticados. Apesar de poder ocorrer em qualquer idade, a incidência do CaB aumenta diretamente com a idade, sendo o diagnóstico mais frequente na 6ª e 7ª décadas de vida.

Mais de 90% dos casos de CaB consistem de tumores derivados de células transicionais (nome das células que formam a camada mais interna da bexiga), sendo os outros tipos histológicos em menor frequência.
Dentre os fatores de risco, mais uma vez o tabagismo é o mais importante e mesmo após parar de fumar a redução de risco leva até 20 anos para retornar aos níveis de um não tabagista. Consumo de grandes quantidades de analgésico fenacetina por longo tempo está associado a maior risco de desenvolvimento de CaB. Pacientes tratados com ciclofosfamida também apresentam maior risco, sendo os tumores geralmente agressivos.

A Hematúria (sangue na urina), visível, indolor e intermitente, é o sinal mais comum, ocorrendo na grande maioria dos pacientes. Cerca de 10% dos indivíduos com hematúria microscópica e 25% daqueles com hematúria macroscópica apresentam neoplasia do trato urinário, sendo o CaB o mais comum.Sendo assim, podemos caracterizar o paciente com maior risco de apresentar CaB como aquele com idade maior que 40 anos, tabagista, com hematúria e/ou sintomas miccionais irritativos.

Exames de imagens, cultura e citologia devem ser indicados para investigação de hematuria. Na persistência dos sintomas a cistoscopia(aparelho que permite olhar dentro da bexiga através da uretra) é a conduta padrão.

A citologia urinária é usualmente empregada no diagnóstico de pacientes com suspeita de CaB e no seguimento destes após terapêutica. Suas vantagens compreendem a facilidade de coleta e de não ser invasiva.
A ultra-sonografia abdominal apresenta alta sensibilidade na detecção de tumores vesicais com mais de 0,5 a 1 cm, sendo de utilidade por seu baixo custo e por não ser invasiva.

Após a confirmação da lesão vesical por métodos de imagem ou até mesmo a cistoscopia, a cirurgia endoscópica para a ressecção do tumor está indicada. Este procedimento é realizado por via uretral (RTU de bexiga) com sedação e raquianestesia (bloqueio na coluna). Novamente é realizada a inspeção da bexiga em busca das lesões e estas são biopsiadas e ressecadas com uma alça de ressecção. Os fragmentos do tumor são encaminhados para a patologia, para a caracterização do tipo do tumor e extensão do mesmo. A maioria destas lesões são Tumores Superficiais da Bexiga, ou seja, restritas a camada mais interna. Após a avaliação do patologista, ele irá determinar o grau de risco deste tumor superficial. Desta forma, elas podem ser classificadas em tumores de Baixo Grau ou Alto Grau. Nos casos de Tumor Invasivo da Bexiga, ou seja, quando o tumor invade a camada muscular da bexiga (invasão da parede vesical) a Cistectomia será o tratamento de escolha. Este último apresentando prognóstico ruim e alta morbidade pela retirada da bexiga.

Já que os tumores superficiais são os mais frequentes, vou detalhar melhor esta patologia. Na doença superficial o tratamento padrão inicial é a ressecção transuretral de bexiga (RTU) seguido por acompanhamento com cistoscopia com intervalos de três meses para monitorizar a recidiva (estes tumores apresentam altas taxas de recidiva) da doença. Além do risco de recorrência, alguns tumores de Alto Grau apresentam risco de progressão se tratados apenas com RTU. Alguns parâmetros aumentam o risco de recorrência e progressão: multiplicidade, tamanho > 3 cm, alto grau e recorrência prévia. Em qualquer dessas condições a terapia intravesical deverá ser empregada utilizando-se quimioterápicos (tiotepa, mitomicina C e adriamicina) e/ou BCG 40-120mg.

Em resumo, o tumor de bexiga superficial após ressecção necessita de avaliações periódicas para monitorar as recidivas e progressão da doença, principalmente quando a patologia confirmar um tumor de Alto Grau. O segundo aspecto é a utilização de BCG (a mesma vacina para tuberculose), chamado de imunoterapia, para redução das recidivas e impedir a progressão do carcinoma superficial da bexiga.

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