Define-se infecção urinária como a invasão e multiplicação de micro-organismo em qualquer parte do sistema urinário, causando ou não manifestações clínicas. Na grande maioria dos casos o agente etiológico responsável pela infecção é uma bactéria, que atinge o trato urinário por via ascendente (através da colonização da uretra), hematogênica ou linfática. A infecção do trato urinário (ITU) é a mais comum das infecções bacterianas que acometem o ser humano. Pode ocorrer em qualquer faixa etária ou sexo, sendo mais comum nas mulheres, principalmente durante e gestação.
A maioria das mulheres apresentou ou irá apresentar ITU em alguma fase de sua vida. Isso se deve ao fato de elas possuírem uma suscetibilidade maior que os homens, explicado pela diferença da anatomia genital onde, na mulher, observamos uma uretra mais curta e um meato uretral próximo ao introito vaginal e ao ânus. Uma mulher que já apresentou um quadro de ITU é mais propensa a desenvolver uma nova infecção quando comparamos seu risco ao de uma mulher que nunca foi infectada. Os principais fatores que aumentam o risco de ITU na mulher adulta são: ato sexual, uso de diafragma (como método anticoncepcional), número de gestações, baixo nível socioeconômico e diabetes mellitus. No homem, diferentemente da mulher, na grande maioria das vezes o micro-organismo é introduzido nas vias urinárias através de instrumentação médica (cateterismo vesical, cistoscopia, etc.). Assim, os principais fatores de risco para ITU no homem adulto são instrumentação das vias urinárias e hiperplasia prostática benigna. Quando pensamos em faixa etária, os indivíduos mais propensos a desenvolverem ITU são os pacientes idosos. Isso ocorre porque estes apresentam diminuição da atividade bactericida da secreção prostática, diminuição do glicogênio vaginal e aumento do pH vaginal (que favorecem a colonização uretral) , doenças que dificultam o esvaziamento normal da bexiga e outras doenças de base associadas.
A probabilidade de um agente etiológico ser o causador das ITU depende de vários fatores, como: faixa etária, sexo, uso prévio de antibióticos e local onde o paciente adquiriu a infecção (comunidade ou hospital). De uma forma geral, os principais patógenos encontrados em culturas positivas em casos de cistites e pielonefrites são: E. coli, Klebsiella sp., Proteus mirabilis, outros bacilos gram-negativos (em geral), Staphylococcus saprophyticus e enterococos. Cerca de 80% das ITU são causadas pela E. coli. As uretrites são causadas principalmente por Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum. Entre os principais microorganismos que acometem a próstata estão a E. coli e os bastonetes coliformes gram- negativos.
Importante isolar a bactéria causadora da infecção para o tratamento correto e a prevenção. Estas bactérias ao longo de décadas foram desenvolvendo mecanismos de defesa e principalmente aderências ao trato urinário. Sendo a cistite de repetição uma causa frequente de consultas ao urologista. A E. coli possui uma estrutura capsular (antígenos K), que resistem à fagocitose, bem como fímbrias (pili), responsáveis pela aderência bacteriana ao trato urinário. O fator bacteriano mais importante nas enterobactérias responsáveis pela ITU é o seu poder de aderência. Caso não ocorra a aderência entre o patógeno e a célula, ele será eliminado pelo fluxo urinário. A presença de fímbrias em abundância na E. coli explica a sua grande habilidade em ascender o trato urinário e causar 90% das pielonefrites.
Após essa explicação complexa, que nos leva a um entendimento mais aprofundado do tema, podemos direcionar nosso foco na prevenção das infecções. Hoje em dia dispomos de comprimidos de lisados da própria E.coli que funcionam como vacinas. Estas ainda possuem resultados moderados e de média duração, porém são capazes de reduzir a frequência e os sintomas das cistites. O extrato de Cramberry também pode ser usado em cápsulas ou pó, e reduzem a aderência da E.coli. Outra medida importante é o aumento da ingestão de líquido, desta forma promovendo uma ¨lavagem ¨do trato urinário.
Todas estas medidas, associadas aos cuidados de higiene local, reduzem o número de infecções durante o ano, já que a cura não seria possível até o momento.
Para as mulheres na menopausa a reposição hormonal produz bons resultados na prevenção das infecções.